21 maio, 2008

Dica - Gentileza

Demoro mas não falho. Olha aí o post sobre gentileza.

Prá começo de conversa acho essa palavra linda. Gentileza. Até a grafia é bonita. A sonoridade. O significado então nem se fala.
Mas é fato (e um triste fato!) que ela está em falta no nosso dia-a-dia. No lugar predominam a vantagem, o individulismo, o egoísmo, as palavras duras e desajeitadas.
Vou contar uma historinha (eu e minhas historinhas) como exemplo.
Em um local, trabalhavam quatro meninas. Uma delas, vamos chamá-la de Cleide, estava passando por um grave problema pessoal e andava bem triste por aqueles dias. Seu aniversário estava se aproximando e ela dizia: acho que neste ano nem vai ter comemoração no meu aniversário, para falar a verdade nem tenho ânimo para isso com tudo isso acontecendo!
As outras meninas se reuniram de canto e combinaram de preparar uma festinha surpresa para ela ali mesmo, no local de trabalho. Logo todas se animaram, e a idéia de um bolo e refrigerantes logo se multiplicou para bexigas, chapéuzinhos, apitos, brigadeiros, etc. E lógico, todas apareceram com um presentinho no dia.
Final do dia, prepararam todo o esquema e a festinha realmente foi uma surpresa para a Cleide! Nossa como ela se emocionou! Agradeceu muito as amigas, disse que só assim mesmo para ela ter um pouquinho de alegria naqueles dias tão difíceis.
E depois elas ainda ficaram sabendo que ela chegou tão feliz em casa naquele dia que por incrível que pareça os problemas apesar de ainda estarem lá não se manifestaram, e ela acabou tendo um bom dia, bem diferente daquilo que ela imaginava que iria ser.
Bom, os dias passaram e finalmente as coisas foram melhorando para o lado dela. Pouco a pouco a tempestade foi passando.
Uns três meses depois desse episódio era o aniversário de outra menina, que pode ser: Analu.
Lógico que elas se empolgaram novamente já que tinha sido tão legal a festinha que tinham feito para a Cleide.
Mas como uma outra festinha iria dar muito na cara resolveram comprar uma coisa que sabiam que ela queria muito mas que era um pouco caro, fizeram as contas e dividindo entre as três não ficaria muito, aliás ficaria até menos do que cada uma gastou para fazer a festinha da Cleide.
Só que, por incrível que pareça, quando contaram para a Cleide sobre a vaquinha ela logo se mostrou contra: gente, não posso, não tenho dinheiro pra isso. E ainda completou: se todo mundo que fizer aniversário a gente for dar presente tô perdida!
Lógico que toda ficaram indignadas: primeiro pela falta de consideração dela pela Analu. Depois pela sua mesquinhez pois sabiam que ela não estava com problemas financeiros e a quantia não era nada exorbitante. E mais ainda pelo egoísmo, ela adorou, se emocionou muito com a surpresa que fizeram para ela, ficou nítido que essa atitude desencandeou muitas coisas boas, o espírito dela se iluminou aquele dia e as coisas em volta parece que foram para o mesmo lado.
Lembraram até do comentário dela de que naquela noite ela conversou com a mãe e disse o quanto tinho sido importante aquela festinha, o quanto ela tinha se sentindo querida e o quanto isso era bom.
E agora na hora fazer o mesmo para outra pessoa: tô fora! Não posso?
E ela nem cogitou primeiro a hipótese de participar com uma quantidade menor de dinheiro (o que não era o problema para ela) ou sugerir uma outra coisa. Já se negou logo de primeira.
Depois desse episódio começaram a prestar mais atenção nela e em suas atitudes, ela frequentava muito a igreja, ia à missa todos os domingos, sabia de todos os temas das campanhas da igreja, mas parecia não praticar o que aprendia por lá. Em uma das campanhas tinha como tema a solidariedade, e ela dizia que todos tinham que fazer isso e aquilo pelo próximo (geralmente caridade para os mais pobres) mas ela simplesmente ignorava quando uma precisava de ajuda no trabalho, de uma carona até o shopping, geralmente quando uma tinha acumulo de trabalho e dizia que iria ficar até mais tarde sempre uma se dispunha a ficar para ajudar, ela nunca. Nunca podia. Achava um absurdo ficar até mais tarde ainda mais para fazer um serviço que não era dela.
É dessa história que eu me lembro quando vejo certas situações, certos comentários, alguns "eu não".
Não quero dizer que devamos falar sim para todos, também não seria natural ser assim, mas é uma pena quando perdemos oportunidades de fazer algo bom, de passarmos a diante um bem que recebemos.
E o mair engraçado é que geralmente a gentileza está nas coisas mais simples e mais fáceis de fazermos como:
- ouvirmos uma pessoa sem julgamentos, sem comentários desnessários como: ele(a) falou isso e você não fez nada? você aguentou isso? ah, se fosse comigo. As pessoas se esquecem que "comigo" a situação sempre muda, porque "comigo" é na minha pele, e nós infelizmente só temos a noção da dor e do sofrimento quando sentimos em nossa pele.
- preocupar-nos em não ferir os outros, evitarmos certas palavras, certas "verdades" que muitos se acham no direito de falar.
- segurar uma porta para outra pessoa passar.
- perguntar para a moça no elevador se ela quer dividir o peso da caixa até chegar seu andar.
- no trânsito dar passagem.
- elogiar a blusa nova da sua colega (claro se você realmente achar),
- ou simplesmente dizer: como você está bonita(o) hoje ou como você ficou bem com essa roupa. Se você realmente achar isso: diga! Deixe as pessoas saberem que você as admira, gosta delas. Isso não é piegas não!
E faz um bem danado para todos!
É a velha história de "se cada um fizer um pouquinho", a gente vive melhor, as coisas mudam.
As vezes reclamamos do clima do trabalho, das brigas, intrigas mas não percebemos que muitas vezes nós estimulamos isso, fazendo um comentário que poderia muito bem ficar guardado para nós, uma fofoca que fazemos questão de passarmos a diante só pelo prazer de propagar o fato. E por aí vai.
Reclamamos mas ao mesmo tempo parece que se não fizermos parte daquela "guerrinha" seremos excluídos de tudo. E sempre alguém complementa com mais comentário, mais uma risadinha e por aí vai.
Elogiar, chamar para participar, participar de algo legal parece sempre mais difícil. Mas só parece, na verdade é bem mais fácil. Basta abandonarmos esse hábito de contribuir com as "coisinhas" ruins.
E com esse exercício diário percebemos o quanto idiota nós fomos, quanto tempo perdemos, quanto mal fizemos.
Por isso nunca esquecer: Gentileza gera gentileza.

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