02 novembro, 2008

O livro da bruxa

Terminei de ler o "O livro da bruxa", gostei, mas talvez eu tenha o superestimado. Esperava mais. Mas mesmo assim valeu a leitura. A história nos dá aqueles toques básicos de atenção na vida que muitas vezes deixamos de prestar atenção. E que são preciosos.
A história fala sobre o encontro de uma velhinha de 85 anos com um médico. E o encontro se faz depois que a "bruxa" lê o artigo abaixo escrito pelo médico:

A escola de pintura
Outro dia um amigo me perguntou o que eu acho que é vida. Resposta difícil não é? Vou contar como respondi.
Imagine uma escola de pintura. Ao entrar, você recebe uma tela em branco e encontra vários alunos pintando. Muitos estão trabalhando há anos, e os quadros são de todos os tipos, desde obras maravilhosas até telas completamentes destruídas. As tintas, os pincéis e os materiais de pintura estão espalhados pela sala, alguns bem acessíveis, outros em locais difíceis. Apesar de ser uma escola, não há professores. É tudo por sua conta.
O que você faria nessa situação? Pegara qualquer pincel e simplesmente espalharia tintas em sua tela? Observaria os que estão trabalhando e tentaria imitar alguém famoso? Juntaria sua tela à de outras pessoas e pintaria um grande painel em equipe? Tentatia criar uma obra original e aprender com seus próprios erros? Utilizaria apenas os materias mais acessíveis ou batalharia para conseguir também os mais dificeis?
Volto a perguntar o que você faria?
Na minha opinião, a vida é como esta escola de pintura. As pinceladas são nossas ações.
Às vezes, damos pinceladas de mestre. Usamos o tipo certo de pincel a mistura correta das cores e movimentos precisos. São as nossas boas ações. Aquelas que nos fazem dormir tranquilos e com sorrios nos lábios.
Outras vezes, borramos todo nosso quadro e pensamos: "Argh!Estraguei tudo! Não tem mais jeito! Desejamos até jogar a tela fora e parar tudo. Vamos dormir arrassados e querendo morrer.
É nesta hora que precismaos lembrar da escola de pintura. Não se desepere. Por mais borrado que seu quadro esteja, você sempre pode pegar um pincel limpo, as tintas certas e pintar por cima.
Se você disse algo ruim para alguém, peça perdão. Se fez algo que não deveria, volte lá e conserte. Se deixou passar uma oportunidade de elogiar, procure a pessoa ou pegue o telefone e faça o elogio. Se teve vontade de acariciar alguém e não o fez, faça-o na próxima vez que encontrá-lo(a) e diga apenas que está acertando seu quadro - tenho certeza de que você será compreendido.
A única coisa qe você não deve fazer é deixar os borrões aparecendo. Não interessa quão antigos eles sejam. Se estiverem lá, corrija-os. É corrigindo que aprendemos a não cometê-los e nos tornamos artistas cada vez melhores.
Fazendo assim, não importa se teremos mais duzentos anos ou apenas mais um dia para nossa pintura. Quando formos chamados para espô-la, esta estará perfieta. Talento, tenho certeza, todos nós temos.

Outros trechos:
...
- Mas - continuei - devo confessar que terei muita dificuldade de pôr em prática esses conhecimentos.
- Não sei por quê. Tudo de que precisa está o tempo todo diante de seus olhos. Você só não vê se não estive procurando - comentou.
- Falar é fácil - murmurei.
- Quantos parafusos você se lembra de ter visto hoje? perguntou subitamente.
- Quantos o quê?!
- Você ouviu muito bem. Quantos parafusos você se lembra de ter visto hoje?
- Para ser sincero, nenhum.
-Você não viu nenhum porque não os estava procurando. Quando estiver, encontrará parafusos em todos os lugares.
Olhei para o painel do carro e imediatamente encontrei dois parafusos.
- Parafusos são muitos comuns - desdenhei.
- As outras coisas podem exigir uma busca mais persistente. Todavia, se você não procurá-las, jamais as encontrará. Sem procura não há descoberta - sentenciou.
Fiquei pensando em silêncio.
- A natureza mostra que temos de manter o esforço durante algum tempo, até o processo atingir seu limiar, depois ele se mantém por si mesmo - disse.
- Você tem de iniciar sua busca conscientemente. Isso exige algum esforço, mas, se sustentá-lo até o limiar, tudo passará a acontecer sozinho. É uma lei natural - finalizou.
- O problema são os tropeços no caminho - comentei - Somos muitos fracos.
- Engano seu - discordou - Somos muito fortes. O que nos aprisiona é a acomodação.

...Nas semanas seguintes, a rotina engoliu-me novamente. Apenas algumas fagulhas do que aprendera com minha amiga cintilavam em raras ocasiões. Como ela havia previsto, os exageros das atividades cotidianas me empediram de perceber o que era essencial para ser feliz.

***

E agora (finalmente Isa!) vou começar a ler "Se a vida é um jogo, estas são as regras". Estou ansiossima, depois conto aqui o que achei.

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