07 fevereiro, 2010

Trecho

...Na medida em que o lado esquerdo do meu cérebro foi se fortalecendo, parecia natural que eu quisesse "culpar" outras pessoas ou eventos externos por meus sentimentos ou minhas circunstâncias. Mas, na verdade, sabia que ninguém tinha o poder de me fazer sentir nada, exceto eu mesma e meu cérebro. Nada externo a mim tinha o poder de tirar a paz da minha mente e do meu coração. Isso era algo que cabia inteiramente a mim. Posso não ter o controle total do que acontece em minha vida, mas certamente estou no comando de como escolho perceber minha experiência de vida.

Como criaturas biológicas, somos indivíduos profundamente poderosos. Uma vez que as redes neuronais são feitas de neurônios que se comunicam com outros neurônios no circuito, o comportamento dessas redes se torna bastante previsível. Quanto mais atenção consciente conferimos a qualquer circuito específico, ou quanto mais tempo passamos nos voltando a pensamentos específicos, mais ímpeto esse circuíto ou esses padrões de pensamento têm para fucionar novamente com mínimo estímulo externo.
Além disso, a mente human é um instrumento altamente sofisticado de busca. Somos projetados para focar o que quer que estejamos procurando. Se busco vermelho no mundo, vou encontrá-lo em todos os lugares. Talvez só um pouco no início, mas, quanto mais tempo passar focada em encontrar o vermelho, mais verei o vermelho em todos os lugares.

Defino responsabilidade (resposta-habilidade) como a capacidade de escolher como vamos responder ao estímulo que chega pelo sistema sensorial em dado momento do tempo. Embora existam certos programas do sistema límbico (emocional) que podem ser acionados de maneira automática, são necessários menos que 90 segundos para um desses programas ser acionado, percorrer nosso corpo, e depois ser completamente banido da corrente sanguínea. Minha resposta de raiva, por exemplo, é uma resposta programada que pode ser disparada automaticamente. Uma vez desencadeada, a química liberada por meu cérebro percorre meu corpo e tenho a experiência fisiológica. Noventa segundos depois do disparo inicial, o componente químico da raiva dissipou-se completamente do meu sangue e minha resposta automática está encerrada. Se, porém, me mantenho zangada depois desses 90 segundos, é porque escolhi manter o circuito rodando.

Se você me aborda com raiva e frustação, faço a escolha de refletir sua raiva e me envolver na discussão (cérebro esquerdo) ou ser empática e responder com um coração compreensivo (cérebro direito). O que muitos não percebem é que estamos fazendo escolhas inconscientes sobre o que respodemos o tempo todo. É tão fácil se deixar prender pelos fios da nossa reatividade pré-programada (sistema límbico) que vivemos navegando no piloto automático. Aprendi que, quanto mais atenção minhas células corticais superiores dão ao que está acontecendo no interior do meu sistema límbico, mais eu posso decidir sobre o que estou pensando e sentindo. Prestando atenção às escolhas que meu circuito automático está fazendo, apodero-me da minha força e faço escolhas de maneira consciente. No final assumo a responsabilidade pelo que atraio para minha vida.
Hoje em dia, passo muito tempo pensando sobre pensar, simplesmente porque considero meu cérebro fascinante. Como disse Sócrates: "Uma vida sem reflexão não merece ser vivida". Não há nada mais fortalecedor do que perceber que não preciso pensar em coisas que me causam dor. (...) Ao mesmo tempo, é libertador saber que tenho a habilidade de escolher uma mente pacífica e amorosa (a do lado direito), sejam quais forem minhas circunstâncias físicas ou mentais, decidindo dar um passo à direita e trazer meus pensamentos de volta ao momento presente.

(...)Mas, depois de seus 90 segundos, tenho o poder de escolher de forma consciente que trilhas emocionais e fisiológicas desejo percorrer. Acredito que é vital para a saúde que estejamos sempre atentos a quanto tempo passamos conectados ao circuito da raiva, ou do desespero. Manter a conexão com esses grupos de emoções carregadas por longos períodos pode ter consequências devastadoras para o bem-estar físico e mental, porque eles exercem grande poder sobre os circuitos emocionais e fisiológicos.

Encontrar o equilíbrio entre observar o circuito e se engajar nele é essencial para a cura.

Do meu ponto de vista, a mente humana focada é o instrumento mais poderoso do Universo.

Como tudo é conectado, há um relacionamento íntimo entre o espaço atômico em torno e dentro de mim, e o espaço atômico em torno e dentro de você - não importa onde estamos. Em nível energético, se penso em você ou oro por você, envio boas vibrações em sua direção e estou, de modo consciente, enviando-lhe minha energia com intenção curativa. Se medito com você ou imponho minhas mãos sobre sua ferida, estou direcionando deliberadamente a energia do meu ser para ajudar em seu processo de cura. Como o Reiki, o Feng Shui, a acupuntura ou a oração (só para citar alguns exemplos) funcionam ainda é mistério para os médicos.

Relaxar propositalmente os músculos que você costuma manter tensos pode ajudá-lo a liberar energia represada e promover bem-estar. Estou sempre verificando a tensão em minha testa e, de maneira inevitável, se não consigo dormir á noite, relaxo a mandíbula e adormeço em seguida.

Quanto menos ligados estamos à inclinação do ego para a superioridade, mais generosos de espírito podemos ser com os outros. Quando nos comportamos com compaixão, consideramos as circunstâncias dos outros com amor, em vez de utilizarmos o julgamento.

Não importa o jardim que herdei; assim que assumo de maneira consciente a responsabilidade de cuidar de minha mente, escolho nutrir os circuitos que quero fazer crescer, e realizo a poda consciente daqueles sem os quais prefiro viver. Embora seja mais fácil arrancar uma erva daninha quando ela ainda está brotando da terra, com determinação e perseverança, até as trepadeiras mais robustas, quando privadas de nutrientes, acabarão perdendo a força e sucumbindo.

Você e eu escolhemos momento a momento quem e como queremos ser no mundo. Eu o incentivo a prestar atenção ao que acontece em seu cérebro. Assuma o comando e se mostre para a vida. Brilhe!

Sinais de aviso de derrame

D = discurso, ou quaisquer problemas de linguagem
E = entorpecimento, ou qualquer formigamento no corpo
RR = recordar, ou quaisquer problemas de memória
A = alteração do equilíbrio ou da coordenação
M = muita dor de cabeça
E = enxergar, ou quaisquer problemas de visão

Trechos do livro "A cientista que curou seu próprio cérebro", Jill Bolte Taylor. O relato da neurocientista que viu a morte de perto, reprogramou sua mente e ensina o que você também pode fazer.

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