04 maio, 2011

Crônica

Assim que soube da chegada do primeiro neto, os olhinhos do vovô Ian brilharam de alegria e ele não via a hora deles crescerem para poder realizar tudo aquilo que ele sempre imagina.
Como seria bom ver os netos ter as mesmas alegrias e sensações que ele teve quando criança, que até hoje lhe traziam uma ternura no peito quando se lembrava.
E assim foi, um, dois, três, quatro netos. Sendo que no meio de 3 meninos uma única menina.
Feriadão, todo mundo no sítio e o vovô Ian prepara a sua, no sábado a noite ele anuncia:
- Vamos voltar para casa amanhã cedo criançada.
- Ahhh, por quê? Isso não é justo vô! Você disse que nós só iríamos voltar no domingo no final da tarde. Poxa vô.
E assim seguiram uma série de queixas e muxoxos e o avô foi irredutível mas por dentro sorria. Sorria e relembrava quando ele passou por situação semelhante quando era garoto, com seus irmãos e primos e a farra que foi depois da descoberta do plano do seu avô, sr.Geraldo.
Foi dormir assim, com as doces lembranças e ansioso pelo amanhecer.
No dia seguinte, apesar de cedo o sol já brilhava e dava sinal de mais um dia quente, ótimo para aproveitar ao máximo a piscina.
Com todo cuidado, ele foi ao quarto dos netos e por cima da coberta de cada um, colocou suas sungas e na menina o pequeno bíquini. Assim, quando eles acordassem e vissem que as roupas de banho estariam ali, sobre eles, entenderiam o sinal que sim, iriam passar mais um dia na piscina!
Na mesa do café o avô aguardava ouvir os gritos e a farra dos pequenos, assim como eles fizeram no passado.
Ouviu os primeiros barulhos e quase um atrás do outro, a meninada vai chegando a mesa, se sentando e pedindo leite com chocolate.
- Ué? Vocês não perceberam nada?
- Hã?...
- Eu não tinha dito que nós iríamos embora hoje?
- A gente acordou e a sunga já tava lá, então a gente viu que não vamos embora agora...e você já tinha dito vô que a gente só iria a noite. Disse o neto mais velho com aquele mau-humor de quem não acordou direito ainda.
- Mããeee, traz meu leite. A menina grita.
E o avô, triste, constatou que as crianças não são mais como antigamente, eles não se alegram com o que ele costumava se alegrar, que naquele dia, ele e os primos haviam pulado de alegria e enchido o vô Geraldo de beijos e durante o café lhe direcionavam aqueles olhares como quem diz: poxa, o vô é legal por demais.
E, infelizmente, essa não seria a última vez que o avô constataria que as crianças de hoje, ahhh, são muito diferentes das crianças de uns tempos atrás.

Um comentário:

  1. Nossa, amiga, que verdade é essa!! Eu percebo isot, pelos meus sobrinhos. São seis 04 adolescentes e 2 crianças. Muitas coisas que faziam a nossa alegria, não tocam em nada , eles!!
    E nossas brincadeiras então? Fazer fogãozinho com tijolos, bolinhos de barro molhados, andar sobre latinhas, o pique, as bonecas, a queimada, como era bom!!! Passeios com nossos pais, podiam ser grandes aventuras!! Nem precisava ser "aquela viagem"!! Tudo era festa!! Ai, que saudade!!
    Mas tem o lado bom ( tudo tem o lado bom!) São crianças espertas, conscientes do papel no mundo, e até com alguns compromissos sociais, já. São mais ligadas nas questões de Ecologia, de vida saudável ( aí incluo a Duda, de 9 anos, que convenceu o pai a deixar o cigarro !),é isto aí!!! Tudo muda!!! E tudo é crescimento!!!
    Obs.: olha eu filosofando á meia noite!!! Beijinhos e até daqui há pouco!!

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