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Eu estava chegando a um lugar, parecia a estação de trem Capuava, onde pego o trem todos os dias. Vejo um homem descer de um fusca branco, com um cachorrinho na coleira, de fitinha vermelha no pescoço. Percebi que a intenção do homem era deixar aquele cão ali, para alguém adotá-lo. Tinha na mão um bilhetinho escrito algo como “por favor me leve para sua casa” para deixar ao lado do cão.

Eu, indignada, começo a falar em voz alta:

- Eu não acredito! Você tá disfarçando mais vai abandonar esse cachorro aí. O senhor não pode fazer isso! Vou te denunciar! Qual é o telefone mesmo? Vou ligar agora no 193 e denunciar o senhor.

As pessoas que passavam ao lado olhavam, se compadeciam, mas ninguém parava.

Eu me aproximei do fusca dele para pegar o número da placa para denunciar, vi que era bem velho. Inclusive a placa tinha vários remendos na numeração, era quase uma placa improvisada.

Eu me sento para tentar entender os números e começo a chorar:

- O senhor já pensou no frio que ele vai sentir a noite? É por ele está velho né? Por isso que o senhor não o quer mais.

Vejo que o semblante do homem está mudado, ele se aproxima e senta do meu lado. Eu continuo:

- Olha eu sei que é difícil cuidar de um cachorro, eu tenho um, eu sei, precisa de atenção e cuidados. Mas olha, e a alegria que ele recebe a gente todos os dias? O amor que eles nutrem por nós.

Percebo que o homem está pensativo e arrependido.

Acordo e penso: Era eu ou a Cris nesse sonho?

P.S.: Não tenho a mínima de ontem tirei esse número 193 para denunciar. Nem sei se ele existe.