14 setembro, 2013

O diário de Anne Frank

Faz um tempo que esse livro tá aqui em casa para eu ler. É um livro bem famoso e acho que a maioria o leu nos tempos de escola. Comecei a leitura com muita expectativa e me decepcionei um pouco. "Nossa, pensava que esse livro era tão diferente..." Mas logo depois conclui: é um diário de adolescente, tem que ter coisas de adolescente! 
Só que logo as coisas mudaram e eu comecei a me surpreender com o que ela escrevia, como lidava com a situação tão difícil e triste. O medo de serem capturados e as dores de viver escondida por 2 anos com a família e outras pessoas que de meros conhecidos passaram a fazer parte do seu convívio diário, 24h, sem pausa, sem poder sair um momento sequer daquele esconderijo. 
Alguns trechos me fizeram refletir bastante, como em uma das conversas com o grupo onde cada um dizia o que queria fazer
quando saíssem dali, um olha só, queria comprar sapatos novos! Como é louco isso não?Eles tinham consciência do que estava acontecendo lá fora, mas nesse momento, pensaram em fazer uma coisa tão simples quando a guerra acabasse. A própria Anne escreveu isso: enquanto tantos estão morrendo agora nós estamos aqui tendo essa conversa...
O mais triste é quando vai chegando no final que acho que todos sabem qual é mesmo que não tenha lido o livro. É angustiante, pois os últimos textos relatam como eles estão animados e esperançosos com as notícias que ouvem dando a entender que o fim da guerra está para chegar, mas que infelizmente só o pai da Anne sobrevive e vê isso acontecer, mesmo assim depois de muito (mais!) sofrimento e dor.
Mas juro que fui até a penúltima página com a esperança de ler um final diferente. Doidice.

Trechos:

...Aplico a mesma tática quando tenho de comer algo que odeio. Coloco o prato na minha frente, finjo que é delicioso e evito ao máximo olhar para ele, e a comida desaparece antes que eu tenha tempo de perceber o que é. Quando me levanto de manhã, outro momento desagradável, pulo fora da cama e penso comigo: "Logo logo você vai estar entrando debaixo das cobertas." Vou até a janela, tiro o anteparo de blackout, cheiro pela fresta até sentir um sopro de ar puro e estou acordada. Arrumo a cama o mais rápido possível para não me sentir tentada a voltar. Sabe como mamãe chama esse tipo de coisa? A arte de viver. Não é uma expressão engraçada?


...Mas também espiei pela janela aberta, deixando o olhar percorrer boa parte de Amsterdã. Sobre os telhados em direção ao horizonte havia uma tira de azul tão claro que era quase invisível.

Como posso me sentir triste enquanto isso existir, pensei, esta luz e este céu sem nuvens, e enquanto eu puder desfrutar dessas coisas?
O melhor remédio para os amedrontados, solitários e infelizes é sair, ir a um local onde possam ficar a sós, com o céu, a natureza e Deus. Só então você pode sentir que tudo é como deveria ser, e que Deus deseja a felicidade das pessoas em meio a beleza e à simplicidade da natureza.
Enquanto isso existir - e deve existir para sempre -, sei que haverá consolo para toda tristeza, independente das circunstâncias. Acredito firmemente que a natureza pode trazer conforto a todos que sofrem.


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