04 junho, 2015

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Era final de 1979, minha mãe foi até o Prézinho do bairro que morávamos para fazer a minha matrícula, no próximo ano eu começaria a minha jornada de estudante.
Ela me levou junto e me lembro que estávamos na secretaria quando ouvimos o sinal e o silêncio foi cortado por aquele barulho tão típico do recreio, um monte de crianças falando e andando todos ao mesmo tempo.
Uma das professoras me viu e me chamou: vamos lanchar também. Olhei para minha mãe e diante do aceno da cabeça dela como um "vai lá" eu fui. Me sentei numa das mesas e rodeada de crianças que eu nunca tinha visto tomei o leite com chocolate e comi o lanche. Terminei e ali fiquei, sentada, só observando. A professora voltou, me pegou e me levou de novo para minha mãe.
Alguns meses depois estava eu lá, de camiseta branca e shortinho vermelho com elástico nas pernas e com minha sacolinha de pano, também vermelha com minha escova de dentes e toalhinha.
Bom, naquele tempo o prézinho era mais brincadeira, fazíamos tarefas também mas não como hoje.
Todos os dias de manhã a professora escrevia o nome da escola enquanto íamos em coro dizendo: Escola de Educação Infantil Doutor Vital Brasil!
Eu logo me adaptei por que brincar era comigo mesmo, isso eu fazia bem! E na hora do recreio corríamos para aquele parquinho todo na areia, disputávamos os balanços com sonoros "agora é a minha vez" e íamos lá no alto, com toda nossa força e coragem infantil. E nossa! Como ficávamos amuados nos dias de chuva vendo aqueles brinquedos todos molhados, as pocinhas de água ao redor dos escorregadores. Que tristeza nos dava!

Daí o ano passou e chegou a hora de ir para escola. Primeiro ano. Cadernos encapados e etiquetados, plástico para forrar a carteira. Eu quietinha, observando o ambiente, entendendo o "novo esquema". 
Agora as brincadeiras tinham praticamente cessado e tínhamos tarefas e lições para fazer. 
De uma certa forma eu senti aquela mudança, hoje quando me lembro disso penso que aquele momento foi o: bem-vinda ao mundo real.
Eu tinha um pouco de receio de não conseguir entender e fazer as tarefas que eram pedidas, quando chamávamos a professora de Tia, como fazíamos no pré, ela nos corrigia: agora não é mais Tia, é Professora.
Que dureza! rs,rs,rs
Eu me lembro nitidamente de, em alguns momentos, pegar a minha pequena borracha branca, e ficar olhando o meu nome que minha mãe tinha escrito de caneta: M. Aldaneire Andrade
Fazíamos isso em todo material que era "para não perder". 
Então eu ficava olhando aquela letra tão familiar e aquilo me servia como um alento, imediatamente me remetia para a minha casa e eu ficava pensando, o que será que elas (minha mãe e minhas irmãs) estão
fazendo? Será que elas já estão se preparando para vir me buscar?
...

Meu irmão, quando veio no mês passado, trouxe para mim e para minhas irmãs, um pacotinho de coisas que minha mãe havia nos mandado. E quando peguei o meu saquinho e vi essa etiqueta...


Me senti com 6 anos de novo.

8 comentários:

  1. Que coisa boa,ler o que escreveu!!!!Engraçado também estou tão nostálgica esses dias rs Fui relembrando boa parte da minha infância....quantas saudades,lembrei da minha casa,dos móveis,das brincadeiras na rua....da minha lancheira com cheiro de suco de laranja quente rsrs É tão bom né.Tivemos uma boa infância :) Que delicia receber essas coisas da tua mãe,fico imaginando tua emoção....oh coisa boa!!!!!!

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  2. Vira e mexe me vem uma lembrança da infância ou da adolescência. E sempre me enternecem o coração. É tipo chocolate quente em dias frios sabe?
    Esses pacotinhos é marca registrada na família, quem viaja dificilmente vai sem eles na bagagem.
    Beijocas!

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  3. Que bom de ler isso, amiga!!! Mesmo sendo um pouquinho mais experiente que vc ( kkkkk) , comigo também foi mais ou menos assim.. só que chamei a professora de Tia até na terceira série, acredita? Rsrsrsrsss... tempo muito bom aquele!!!Bjs!!

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    1. Amiga, acho que nosso grau de experiência "tá ali ó", pode acreditar!rs,rs,rs
      Na terceira série eu já estava ajudando a virar a sala de cabeça pra baixo, verdade!
      É, a história tem continuação! :-)

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  4. Ah que historia linda Tia Tata, fiquei pensando nas minhas historias na escola, o medo o receio.. Acho que o click de mundo real veio só no terceirão quando começavam a metralhar as cabeças com as perguntas tipicas: qual vestibular fazer e mimimi! E Vó Lourdinha... cada vez mais tenho vontade de conhece-la...

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    1. É Carol, crescer "dói" né? Mas é bom e necessário!
      Tomara que você possa em breve conhecer minha mãe, você vai adorá-la!
      Beijos!

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  5. Eita, Alda! Esse seu texto me fez ir até o meu prézinho, minha 1ª série... Tô aqui com os zóio cheio d'água!

    E acho que a letra da minha mãe me "ampara" até hoje... Guardo QUALQUER papelzinho que tenha a letra dela, qq recadinho vira TESOURO...

    Que lindeza de post! ;)

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  6. Gostoso isso né Tati? Também guardei essa etiquetinha, com certeza irá me amparar todas as vezes que eu olhar para ela.
    Coisas de mãe.

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