20 fevereiro, 2016

Minha teoria do"1 ano"

Quando acontece algo muito chato, muito triste, "pesado" comigo ou com alguma pessoa próxima penso: não vejo a hora de fazer um ano desse ocorrido.
Uma amiga de trabalho, em 2014, foi surpreendida com a morte do seu único irmão_que além de irmão era um amigão para ela. Digo surpreendida pois foi exatamente isso que aconteceu, já que ele desencarnou por causa de um engasgo bobo depois um jantar com amigos.
Ela, claro, ficou arrasada. E ainda teve aquele lance de ter ocorrido perto do Natal, final de ano...Foi uma tristeza só.
Daí eu penso que no ano seguinte a um fato desses a dor ainda é muito latente. Vira e mexe você se lembra de algo. Ou chega uma carta do banco para pessoa que se foi. Um amigo distante que não soube do ocorrido liga querendo falar com ele. Primeiro aniversário dele "sem ele". Primeiro dias das mães. Vixe é muita coisa.
E a gente fica pulando de expectativa em expectativa, cada mês é algo para "esperar" o dia para vivenciar sem a pessoa. Até o primeiro aniversário do dia da morte. (É correto dizer isso? Aniversário do dia da morte?).
E aí vem um certo alívio de, pronto, passamos por todas as datas importantes sem ele. Sofremos, choramos mais, mas estamos tocando a vida.
A vida começa a seguir mais leve. Sem todas essas expectativas. Sem tanto choro querendo escapar toda hora. 
E nada. Nada melhor do que seguir com a vida. Sei que para quem está sentindo na pele ouvir isso, além de parecer bem clichêzinho, não é refresco nenhum.
Mas é verdade.Tocar a vida nos impede muitas vezes de mergulhar na dor.
Eu era uma adolescente leitora da revista Capricho quando conheci essa frase:
Não importa em quantos pedaços seu coração foi quebrado. 
O mundo não vai parar para você conserta-lo. 
De cara eu a achei bem cruel. Logo depois concluí que não. Na verdade isso nos faria bem. 
Imagino alguém passando por uma situação semelhante a essa e no dia seguinte alguém lembra: olha, tem que pagar a conta de luz, venceu ontem. Você tem mais vontade de mandar a pessoa ir catar coquinho_se você for bem educadinha(o)_e gritar: você viu o que aconteceu?? E você vem me falar de conta de luz?
Mas é a vida te chamando e impedindo de que enlouqueça. Ou te proporcionando alguns minutos em que você não vai pensar no ocorrido.
Esses dias minha amiga chegou no escritório dizendo que iria trabalhar em um outro lugar. Senti pela sua saída mas ao mesmo tempo me alegrei pela oportunidade que ela está tendo.
Pensei que conhecer novas pessoas, se envolver em uma nova rotina, aprender coisas diferentes fará muito bem a ela.
Agora que o 1º ano passou nada melhor do que essa mudança.
Daqui para frente todas aquelas datas serão lembradas, claro. E todas serão sentidas. Mas creio que a dor da saudade vai se curando. E não fazendo mais tanto estrago.
Agora quando fizer dois anos da morte dele, com certeza as memórias daquele dia voltarão mas ela vai pensar: nossa, eu estava trabalhando na SAE, convivia com tais pessoas, etc. Agora já, já vai fazer um ano que estou nesse trabalho, já aconteceu tal e tal coisa...
É a vida agindo ao nosso favor quando não entregamos os pontos e vivemos.


4 comentários:

  1. Oi amiga!!Realmente, vc tem razão: lembro quando meu pai desencarnou, o 1 ano foi muito difícil, tínhamos a referência de que no ano anterior, nas datas mais importantes, ele estava conosco... até que fez um ano, e as coisas foram ficando mais fáceis!! Hj. apesar de praticamente 30 anos passados, a saudade ainda existe, a falta dele é irreparável, ele é inesquecível! Mas vem a maturidade, e a gente aprende a lidar melhor com esta emoção, com este sentimento!!Só o senhor tempo mesmo, é o grande remédio!!Bjs!!

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    1. Eita...cadê o comentário que eu tinha deixado aqui? =(
      Sumiu!
      Pois é amiga, imagino que a falta da pessoa deve ser imensa, mas com o passar do tempo, com o "viver" a gente vai aprendendo e "amansando" ela né?
      Beijos!

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  2. Que bela reflexão tia Tata. Acho que a maioria pensa assim: poxa já passou um ano. Com tudo o que acontece e vê que é hora de mexer, tirar a poeira e seguir. A Saudade sempre fica de tudo. Mas uma hora fica menos doída do que antes.

    P.S.: Fiquei imaginando a Aldaneirinha adolescente lendo Capricho *--*

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    1. Carol, nem te conto: eu ainda tenho minha coleção!
      Todo final de ano ela entra na lista "vai se descartado" durante a faxina mas na hora...cadê a coragem? Ela sempre volta pro armário.
      E era assim, eu não só lia a revista. Eu lia, relia e lia de novo. Olhava quem tinha tirado tal foto, quem tinha escrito tal reportagem...Nada me escapava. Tanto que hoje, se folheio uma delas logo me vem na cabeça as coisas que eu sentia e pensava naquela época. Parece um estranho diário que eu nada escrevi mas que "leio" nessas revistas. Engraçado né? Beijos!

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Oi?