Reflexões pelo Orkut

Ontem, do nada ou para dar uma pausa na correria doida aqui do trampo resolvi entrar no Orkut que já fazia um tempão que não entrava lá.

Entrei em uma comunidade de um lugar que gostavámos de frequentar "A Fofinho". É, é assim mesmo que a gente fala, artigo feminino e substantivo masculino. Comecei a fuçar em um tópico quando derepente vejo o seguinte comentário: "Fiquei sabendo que a esposa dele faleceu no mês passado, vamos respeitar a dor alheia". Parei. Nossa, a esposa dele faleceu! Como assim? Eu não conheço o cara e também não conhecia a menina, mas sei lá, não sei se porque no Orkut a maioria das vezes só se falam besteiras ou coisas trivias que ao ler um comentário assim foi estranho.

Bom, não me contive e entrei no profile do cara e lá vi a foto da sua esposa, os comentários dele...e como foi recente o profile dela ainda está lá também, entrei. Meu, muito triste, ver os últimos contatos dela, os comentários dos amigos pós o acontecimento...

Pelo o que eu entendi ela morreu de câncer. Tem até um comentário de um ex-namorado dizendo "É estranho quando namoravamos ela sempre fazia o exame preventivo". Muito triste.

O marido disse "A saudade dói muito, ainda é muito difícil acordar de manhã e não te ver ao meu lado, a casa em silêncio", "Tá sendo muito difícil sem você aqui, tá sendo muito difícil explicar para a nossa filhinha porque você não vai mais buscá-la na escola, que você não vai mais voltar para a casa".

Fiquei muito, muito triste. Ela era nova. E a gente se ilude que a morte é para quem já é velho. Pensei muito, chorei ao ler tudo aquilo, e concluí de como nós somos idiotas, nos achamos o maioral e esquecemos que tudo pode acabar muito mais rápido do que imaginamos.

Perdemos tempo com tanta besteira, valorizamos tantas bobagens. Me imaginei sem o Marcos ou ele sem mim. Iria ser muito triste. Porque a gente se ama. E decidi aproveitar e valorizar mais ainda esse amor. Cuidar do meu amor. Todos os dias. Toda hora.

Sim tem os perrengues, as chatices, o mau humor, a TPM. Mas aquela alegria que eu sinto quando o vejo, o carinho que ele faz nos meus cabelos, o beijo na testa que tanto gosto, o olhar cúmplice, isso sim é muito mais! Isso sim é para ser valorizado!

Porque a morte, bem ao contrário do que a gente imagina, não escolhe idade, sexo ou cor. Nem manda aviso prévio. Vamos bobear menos.

Tudo isso parece que grudou em mim ontem, e quando cheguei em casa, tarde já, tomei banho e deitei bem pertinho e logo ganhei seu abraço de urso, como se me protegesse de tudo, as lágrimas rolaram, agradeci a Deus por ele estar ali e pedi conforto para o rapaz que não podia ter mais sua esposa assim, nos braços.

E porque será que a morte é a ÚNICA coisa que temos certeza absoluta e é a ÚNICA coisa que não acreditamos que um dia ela vai chegar?